Sinais dos transtornos de escrita e dicas para conduzir os processos educativos em sala de aula

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É importante ficar alerta nos seguintes contextos:

1 – No processo de alfabetização, é possível verificar os alunos que apresentam trocas das letras (P por B, T por D, F por V, X por J, S por Z). Outra observação que nos orienta quanto aos sinais de alerta é verificar se os alunos em nível de construção de frases apresentam dificuldades em fazer concordância, uso de letras maiúsculas no início de frases (ainda com reforço do professor), sinais de pontuação, como também o uso frequente de verbo no infinitivo.

2 – No processo de produção de textos, apresentam dificuldade para construir uma ideia. Mesmo aquelas crianças cuja fala seja perfeita.

3- Lentidão para escrever, inclusive ao copiar da lousa. Para conseguir escrever bem, a criança demora muito. Essa velocidade motora muito lenta pode caracterizar uma disgrafia.

Outras dicas valiosas estão ligadas a um aspecto fundamental da relação professor-aluno, que diz respeito ao modo de interagir com alunos que apresentem transtornos de escrita.

Na disortografia, a primeira dica é a valorização do conteúdo sobre a forma. O professor precisa ter o cuidado na condução das atividades para não correr o risco da criança ou jovem escrever cada vez menos, pois terá a impressão de errar menos. Combine não descontar pontos na escrita, reforçando que é melhor ela escrever mais; e diga que sempre vai mostrar onde ela errou, para que aprenda.

Outra ideia é pedir que o professor assinale os erros ortográficos com pequenas marcas e depois faça um glossário ou quadro à parte com as correções da prova ou atividade, de modo que o aluno possa ver de forma mais organizada e clara seus próprios erros.

O docente pode utilizar provas orais como um recurso extra, caso o aluno apresente uma escrita muito comprometida. Em relação à disgrafia, é relevante que o professor não exija a letra cursiva, pois a letra de forma é mais indicada nesses casos e, mesmo usando esse tipo de letra, é preciso que o aluno diferencie maiúsculas de minúsculas.

Vale ressaltar que não é justo que uma criança entenda o conteúdo, coloque no papel, mas seja prejudicada por uma questão motora. Nas provas do Enem, por exemplo, é permitido o uso de letra de forma.

Quanto aos encaminhamentos que podem ser feitos com as crianças ou jovens, vale destacar que o tratamento da disortografia é feito, em um primeiro momento, com um fonoaudiólogo e, depois, com um psicopedagogo. Já a disgrafia pode ser tratada com um terapeuta ocupacional, um psicomotricista ou algum fonoaudiólogo especializado na área.

No caso da disgrafia, é preciso ir a um médico para avaliar se existe uma questão motora mais global envolvida. Um pediatra pode atender e encaminhar o caso.

Autora: Adriana dos Santos Amarantes, Pedagoga especializada em Deficiência Mental e Múltiplas, Neuroeducação e Psicopegagogia.

Referências

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MOUSINHO, Renata. Desenvolvimento da Língua Escrita e seus transtornos. In: Márcia Goldfeld (org). Fundamentos em Fonoaudiologia – Linguagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998

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