Disgrafia e disortografia são a mesma coisa?

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A disortografia e a disgrafia são dois distúrbios que afetam a escrita. Uma compreensão errônea que alguns educadores ou estudiosos cometem é fazer uma associação entre os dois distúrbios, acreditando que todos que tem disortografia, possuem também a disgrafia, quando, na verdade, “uma criança disortográfica não é, forçosamente, disgráfica.” (COELHO, 2015, p. 10).

Etimologicamente, disortografia deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “orto” (correto) + “grafia” (escrita). Ou seja, é uma dificuldade manifestada por “um conjunto de erros da escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia” (Vidal, 1989, cit. por Torres & Fernández, 2001, p. 76). Ou seja, a disortografia está relacionada a uma dificuldade centrada na estruturação, organização e produção de textos escritos, enquanto que a disgrafia indica uma questão motora.

Sabemos que é possível distinguir as irregularidades da linguagem escrita, estabelecendo uma diferença entre disgrafia e disortografia, segundo a qual:

Disgrafia: é uma irregularidade da linguagem escrita conhecida comumente como “letra feia”. A criança com disgrafia apresenta uma escrita inferior ao esperado para sua etapa de desenvolvimento/faixa etária e/ou série escolar. É comum também evidenciar a inversão de sílabas, a omissão de letras, a escrita em espelho e a escrita contínua.

Disortografia: caracteriza-se pela presença de aglutinações, omissões, contaminações, alterações nas palavras, gerando desorganização na estrutura das frases e sentenças. Não é fruto da falta de coordenação motora e reflete distorções nos processos cognitivos responsáveis pela linguagem escrita. A criança com disortografia apresenta muitos erros de ortografia que não são oriundos do desconhecimento do código gramatical e ortográfico. Processos de letramento de pouca qualidade geram disortografia com frequência.

A disortografia hoje é classificada como Transtorno da Expressão Escrita, dentro dos Transtornos Específicos de Aprendizagem. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM5, ela tem origem neurobiológica, causa modificações na expressão escrita, em especial na precisão ortográfica, precisão gramatical e da pontuação e clareza ou organização dos textos escritos.

A disgrafia, por sua vez, pode ser considerada como uma alteração que afeta a funcionalidade da escrita desenvolvida pela criança. Os problemas ficam evidentes principalmente no que se refere à grafia e ao traçado das letras. Outro aspecto importante a ser observado, é que a pessoa com disgrafia apresenta uma escrita mal elaborada, evidenciando uma deficiência nessa habilidade.

Já sabemos que disortografia e disgrafia não são a mesma coisa. Mas, como posso ajudar meus alunos com suspeita desses distúrbios?

Acompanhe o próximo post!

Fonte: Adriana dos Santos Amarantes, Pedagoga especializada em Deficiência Mental e Múltiplas, Neuroeducação e Psicopegagogia

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